“As cascatas perdem-se numa tradição antiquíssima onde se mistura um espírito religioso e uma crença popular.”
Eduardo Paz Barroso
As cascatas sanjoaninas são uma tradição muito antiga e uma derivação do presépio, que deve ter tido origem na cidade do Porto, onde alguns artífices representavam, em miniatura, os principais locais da invicta, desde o morro da Sé até ao Rio Douro. Em Leça da Palmeira esta tradição também está associada à celebração dos Santos Populares (Santo António, S. João e S. Pedro), em especial o S. João. Nessa época festiva, em vários lares era comum as famílias construírem uma cascata com a representação dos lugares mais emblemáticos de Leça. Para tal compravam os célebres bonecos de barro, na Feira da Louça do Senhor de Matosinhos. Com o passar dos anos, as cascatas começaram a ser cada vez maiores e mais pormenorizadas, graças à arte de artesãos como João Soares e José Moreira.
A Cascata Leceira.
Esta cascata, da autoria de José Moreira, natural de Leça da Palmeira, foi doada em 2010 à Câmara de Matosinhos e está exposta, desde então, permanentemente, nas instalações do Museu da Quinta de Santiago, no edifício da Casa do Bosque.
A cascata desde logo impressiona pela sua dimensão, cerca de 15 metros quadrados e pelo pormenor com que descreve a Leça da Palmeira dos anos 20/30 do século XX, época em que era uma importante estância de veraneio, frequentada por artistas, pela burguesia portuense e pela comunidade inglesa. As cerca de 300 peças e bonecos, algumas com movimento, presentes nesta obra, foram construídas com perícia, ao longo de décadas.