O Sítio
O Parque Urbano do Carriçal localiza-se em Matosinhos, próximo do NorteShopping – constituindo, juntamente com o Parque Manuel Pinto de Azevedo, a Igreja Matriz da Senhora da Hora e o cemitério, um importante espaço público da freguesia da Senhora da Hora. O Parque está adjacente à Igreja em cuja envolvente se realiza a feira da Senhora da Hora, assim como acolhe circo e outros eventos populares.
Pela sua elevada densidade arbórea configura uma tipologia de espaço verde urbano semelhante a uma mata urbana. No seu interior é de referir ainda a existência de linhas de água e um lago, um forte incremento à biodiversidade no parque . O Parque Urbano do Carriçal é contíguo ao Parque Manuel Pinto de Azevedo onde se localizam diversos equipamentos desportivos (campos de ténis e um ringue desportivo), o Centro Cultural, e associado à Igreja o cemitério. Na zona norte do parque, encontra-se a Piscina Municipal da Senhora da Hora e um bar, desfrutando ainda da presença de um parque infantil. O parque é um projeto da Câmara Municipal de Matosinhos, da autoria da Arquiteta Margarida Fontes.
Património Natural
O Parque Urbano do Carriçal, formado por eucaliptal (Eucalyptus globulus) e por pinhal (Pinus pinaster), apresenta, contudo, manchas arbóreas de vegetação natural evidenciadas pelos notáveis exemplares de carvalho-alvarinho (Quercus robur), sobreiro (Quercus suber) e padreiro (Acer pseudoplatanus). Em redor do parque surgem várias espécies de árvores de carácter ornamental, designadamente, abrunheiro dos jardins (Prunus cerasifera var. pissardi), pinheiro-manso (Pinus pinea), Cupressocyparis leylandii, cedro-do-oregão (Chamaecyparis lawsoniana) e cerejeira-do-japão (Prunus kanzan). Um aspecto a realçar sobre a arborização do local, é que muitas das árvores aqui colocadas vieram das obras do Metro. Foram árvores que necessitaram de ser arrancadas e que, em vez de serem deitadas fora, foram replantadas no Parque do Carriçal. Pelo parque surgem também vários choupos-brancos (Populus alba), árvore característica pelo seu tronco branco ou verde-acizentado e pelas folhas verde-escuras por cima e branco-tomentosas por baixo e vários ulmeiros (Ulmus minor e Ulmus hollandica). Perto das linhas de água e do lago estão presentes bidoeiros (Betula alba) e salgueiros (Salix atrocinerea).
As margens da ribeira que atravessa o parque foram recuperadas e sujeitas a acções de estabilização por parte de autarquia, tendo sido instalada vegetação ripícola como Juncus effusus, Iris pseudacorus,Typha latifolia, Typha minima, Zantedeschia aethiopica, Cyperus papyrus,Oenanthe crocata e a nível arbóreo, amieiro (Alnus glutinosa) e freixo (Fraxinus angustifolia). O tipo de vegetação que predomina junto das linhas de água é caracteristicamente higronitrófila e esciófila. No lago, a lentilha-de-água (Lemna minor) está abundantemente presente. Espontânea em Portugal, é uma planta que, além de boa oxigenadora, remove o excesso de nutrientes da água sendo por isso muito nutritiva para aves e alguns peixes. Associadas a estas margens surge também o sabugueiro (Sambucus nigra) e a figueira (Ficus carica). Estas águas acolhem inúmeras rãs (Rana perezi) que recorrem à vegetação ripícola como seu habitat.
Património Cultural
O Parque do Carriçal foi projetado pelos serviços técnicos da CMM. “Objectivos: Pretende-se que o parque seja um espaço de reconciliação da malha urbana, respondendo às necessidades de ampliação e consolidação da estrutura verde urbana numa perspectiva de verde contínuo. A proposta deverá promover um espaço público de qualidade ambiental, estética e funcional, vocacionado para o recreio e lazer e que contribuirá para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, mediante a sua integração urbana e social. O parque deverá integrar a recuperação paisagística do troço da ribeira que corre a céu aberto preservado as características do perfil da linha de água e das suas margens, efectuando as operações necessárias à sua estabilização e regularização, mas conservando a fisiografia do terreno enquanto elemento patrimonial paisagístico a preservar. O parque terá de fazer a integração e articulação entre os diferentes equipamentos propostos e os elementos patrimoniais naturais e construídos, prevendo uma requalificação conjunta das estruturas. A proposta deverá promover o desenvolvimento dos ecossistemas diversificados, desempenhando funções pedagógicas contribuindo para a Educação Ambiental. As condicionantes e objectivos determinaram a concepção da presente proposta. Destacam-se os elementos que lhe atribuem unidade e continuidade: - A ribeira; - o traçado dos percursos pedonais; - o lavadouro e todos os elementos construídos que são uma herança cultural; - a vegetação, as manchas arbóreas existentes e as espécies propostas, quer em mancha quer em alinhamentos, revelando a ribeira e a mata elementos estruturantes que delimitam as áreas verdes de enquadramento e estadia. A proposta para o Parque Urbano da Senhora da Hora pretende fazer a reabilitação de um espaço residual, numa perspectiva de reposição do equilíbrio dos ecossistemas, adaptando-o às novas funções de recreio e lazer.
A área de intervenção serve de suporte a uma grande variedade de ecossistemas, constituindo uma reserva de património natural a preservar. A presença de vários elementos naturais e construídos, dispersos por toda a área de intervenção, definem uma paisagem de elevado valor patrimonial. Procurou-se assim, devolver a ambiência a este local, através da recuperação de estruturas tradicionais, como por exemplo o lavadouro, no qual se atribuiu novas funções, de acordo com as exigências do Parque Urbano. A Ribeira desempenha um papel importante enquanto elemento de composição da proposta. É simultaneamente, um elemento de ligação das estruturas presentes em toda a extensão do Parque, que imprime ritmo e alternância de cenários acompanhando a alteração da fisiografia do relevo. O curso de água conservará o percurso actual, fazendo-se algumas correcções das margens da ribeira que deverão ser sujeitas a tratamento específico. Prevê-se a estabilização e fixação das margens, com enrocamento, de modo a melhorar a drenagem destes locais. O enrocamento consiste na deposição de pedras de grande granulometria por camadas. Após a limpeza das margens, fazer-se-á a deposição de pedras de forma a obter um perfil com inclinação aproximada de 30%, considerando-se este valor um limite máximo razoável para a estabilização do talude. De seguida ajusta-se o material de enrocamento com preenchimento dos vazios com material de média granulometria (godo ou seixo rolado) e terra vegetal. Nos solos mais susceptíveis de arraste, cobre-se o solo com godos do rio e gravilhas. Complementando as acções de estabilização das margens proceder-se-á à instalação de vegetação ripícola, sendo as espécies propostas as seguintes: Juncus effusus, Iris pseudacorus,Typha latifolia, Typha mínima, Arium spp., Cyperus papyrus Atendendo ao caudal da ribeira, há a necessidade de construir quatro açudes, composto pela deposição de pedras de obras com uma altura máxima de 40 cm, um a seguir à primeira ponte de madeira (direcção Norte / Sul), outro no início e no fim do lago e o último localizado a Sul por uma questão de protecção, tudo isto com a finalidade de conter as suas águas, formando deste modo uma bacia de retenção, onde as águas irão fluir com mais tranquilidade, descrevendo um cenário calmo e aprazível. Nos taludes existentes entre a Mãe d’Água e o início do Lago, propõe-se apenas a instalação de vegetação ripícola de apenas uma espécie (Juncus effusus), visto não haver necessidade de se colocar pedra para enrocamento. As espécies arbustivas e herbáceas ripícolas a utilizar, serão de uma forma geral pouco exigentes em manutenção e caracterizam-se pelo emaranhado do raízame que ajudará a fixar as margens e a diminuir a sua erosão pelas águas. A mata ribeirinha não será usada de uma forma densa, possuindo uma certa transparência para possibilitar o desfrute de vistas sobre a ribeira e sobre os diferentes elementos construídos e naturais que surgem pontualmente ao longo do curso de água. Foram propostas duas pontes, de modo a facilitar os acessos pedonais ao parque. Uma que atravessa o lago e que surge do prolongamento do caminho que se inicia na mãe d’água e a outra que dá acesso à zona desportiva existente por de trás da Igreja da Senhora da Hora. Tanto uma como a outra terão o pavimento em madeira e as grades laterais serão em inox. Toda a estrutura das pontes será em madeira (pavimento e guardas). Esta é a zona vocacionada para a estadia, o recreio activo informal relacionado não tanto com a prática desportiva, mas sobretudo com o convívio e o lazer, aos jogos informais, às brincadeiras e corridas dos mais pequenos, ao lançamento de papagaios, aos jogos tradicionais e acontecimentos lúdicos vários. Como se pretende criar um espaço com grande capacidade de carga e que permita o desenvolvimento de múltiplas actividades e visto o relvado encontra-se em mau estado, sugere-se a ressementeira com uma mistura para prado de sequeiro em toda a área de intervenção. Junto à entrada Sul e tendo em vista a valorização deste espaço que é um convite à entrada do parque, propõe-se retirar todas as espécies arbóreas existentes, mantendo apenas as árvores de alinhamento que se encontram junto ao passeio. No que diz respeito a sementeiras, propõe-se um relvado com uma maior densidade de sementeira (mistura “FAIRWAY”), incluindo nesta área um sistema de rega automática. O Lago tem como objectivo privilegiado o recreio e, simultaneamente, minorar ou resolver os problemas de cheias e de seca, favorecendo a infiltração das águas pluviais e retardando a ponta de cheia. Aproveitando o lago existente, propõe-se no seu centro a deposição de pedras de modo a formar uma ilha, funcionando também como a base da fundação necessária para a ponte. Junto à canalização existente a Sul junto ao lago, sugere-se a colocação de uma grelha metálica como medida de protecção. Mantendo uma ligação visual com o parque, o lavadouro encontra-se fora do seu contexto natural, estando impedido de desempenhar as suas funções.
Acessibilidades
A28 e Estrada da Circunvalação. Metro do Porto, Linhas A, B, C e E. Estação de Sete Bicas ou Senhora da Hora.