O Sítio
O Parque foi inaugurado em 27 de Novembro de 2001, insere-se em meio urbano e tem cerca de 4,5 ha. Desenvolve-se numa encosta e é atravessado por uma linha de água que corre entre muros de betão em direcção ao Bairro de Real. Na malha urbana envolvente prevalece a habitação multifamiliar e unifamiliar e destaca-se a proximidade do Hospital Pedro Hispano. O Parque de Real foi projetado pela Câmara Municipal de Matosinhos numa intervenção conjunta com a Metro do Porto.
A Memória Descritiva do projeto diz-nos que a intervenção esteve dividida em três fases: FASE 1 (executada em 2001) – corresponde à área do Jardim da Av. Villagarcia de Arosa, à construção do Metro do Porto e Parque de Estacionamento, localizados a Norte da área de intervenção; FASE 2 (executado em 2003) – corresponde à área entre o Jardim da Av. Villagarcia de Arosa e o caminho pedonal que liga Real de Cima a Real de Baixo e FASE 3 – corresponde à área que vai desde o caminho pedonal acima referido até à Av. D. Nuno Álvares Pereira, incluindo o tratamento da ribeira em todo o seu percurso e que será um projeto a detalhar posteriormente. Esta é a área mais complexa não estando previsto uma data para a conclusão da obra, visto que grande parte dos terrenos é privada.
Património Natural
Próximo à linha do Metro, no limite territorial entre as freguesias de Matosinhos e Senhora da Hora, o Parque de Real desenvolve-se ao longo de uma encosta. É essencialmente formado por eucaliptal (Eucalyptus globulus), apresentando também uma forte composição de plantas infestantes como mimosas e austrálias (Acacia dealbata eAcacia melanoxylon) e pinheiro-bravo (Pinus pinaster). Contudo, o parque procura preservar espécies autóctones, nomeadamente, o carvalho-alvarinho (Quercus robur) e o sobreiro (Quercus suber), podendo-se mesmo observar vários exemplares de jovens Q. robur recentemente plantados nas encostas de maior declive. Por entre o arvoredo surgem também pontuações de espécies arbustivas, como o escalheiro (Pyrus cordata), o alfenheiro-do-japão (Ligustrum lucidum) e a urze branca (Erica arborea).
Nos prados de sequeiro, predominam plantas como azevém (Lolium perene), trevo-branco (Trifolium repens), trevo-subterrâneo (Trifolium subterraneum), dáctila (Dactylis glomerata) e festuca-alta (Festuca arundinacea). Ao nível do estrato herbáceo também estão presentes a dedaleira (Digitalis purpurea), o dente-de-leão (Taraxacum officinale), branca-ursina (Heracleum sphondyllium), entre outras. Por entre esta vegetação rasteira, floresce, por alturas de Maio, uma planta de flor vistosa, o lírio-holandês (Iris hollandica). O parque de Real é atravessado por uma linha de água e associada a esta surge vegetação higronitrófila. Estão também presentes o sabugueiro (Sambucus nigra) e a erva-das-pampas (Cortaderia selloana), espécie infestante. Atravessando a ribeira, depara-se com um espaço relvado em que predominam espécies de árvores ornamentais como o plátano (Platanus orientalis var. acerifolia), a cerejeira-japoneira (Prunus kanzan) e o choupo-negro (Populus nigra) e ainda o pinheiro-manso (Pinus pinea).
Património Cultural
Memória Descritiva do Parque Urbano de Real - CMM “Pretende-se que o parque seja um espaço de reconciliação da malha urbana, respondendo às necessidades de ampliação e consolidação da estrutura verde urbana numa perspectiva de verde contínuo. A proposta deverá promover um espaço público de qualidade ambiental, estética e funcional, vocacionado para o recreio e lazer e que contribuirá para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, mediante a sua integração urbana e social. Deverá também promover o desenvolvimento dos ecossistemas diversificados, desempenhando funções pedagógicas contribuindo para a Educação Ambiental. O parque terá de fazer a integração e articulação entre os diferentes equipamentos propostos e os elementos patrimoniais naturais e construídos, prevendo uma requalificação conjunta das estruturas. A proposta para o Parque Urbano de Real pretende fazer a reabilitação de um espaço residual, numa perspectiva de reposição do equilíbrio dos ecossistemas, adaptando-o às novas funções de recreio e lazer. A área de intervenção serve de suporte a uma grande variedade de ecossistemas, constituindo uma reserva de património natural a preservar. A presença de uma profusão de elementos naturais e construídos, dispersos por toda a área de intervenção, ligados à exploração agrícola, definem uma paisagem de elevado valor patrimonial. Procurou-se assim, devolver a ambiência rural a este local, através da recuperação de estruturas tradicionais: casas rurais, hortas, pomares e moinhos, atribuindo-lhe novas funções, de acordo com as exigências do parque urbano. O traçado dos caminhos surge sempre na perspectiva de unir os diferentes equipamentos do parque entre si e, ao mesmo tempo, fazer a ligação articulada com a malha urbana envolvente. Foi proposto apenas um tipo de pavimento nos percursos no interior do parque - brita ladeada por sulipas.
Foi escolhido este pavimento não só por ser semi-permeável mas também, por ser uma maneira de reciclar materiais, dado que, estava a decorrer a desmantelação da linha dos Caminhos de Ferro para a construção do Metro do Porto. Todo o material que pudesse ser aproveitado seria guardado em armazém, para posteriormente ser utilizado. Nas encostas de maior declive da área de intervenção, far-se-á a plantação de um carvalhal, com espécies pertencentes à flora climácica da região. Na mata pertencente à Fase 2 propõe-se no âmbito da gestão ecológica, a remoção selectiva a longo prazo das espécies não indígenas (Eucaliptos, Acácias, Mimosas e Pinheiros Bravos) de forma a permitir recuperar uma mata nativa, dominada por espécies de Carvalhos, Castanheiros e Sobreiros, entre outras. Na mata pertencente à Fase 3, propõe-se a plantação das mesmas espécies arbóreas acima referidas, dado que a encosta se encontra desprovida de vegetação arbórea. Estes cobertos serão revestidos com prado de sequeiro, atendendo à topografia desta zona e à necessidade de protecção do solo dos efeitos da erosão. Os maciços arbóreos de perenes e caducifólias e árvores isoladas, constituem o elemento estruturante do parque. Organizadas sob a forma de alinhamentos, maciços ou árvores isoladas procuram no seu conjunto proporcionar conjuntos de grande harmonia. Procurou-se que estes maciços arbóreos desempenhem as funções de: cortina visual, enquadramento de determinadas estruturas específicas, amenização do ambiente, ensombramento, protecção dos ventos dominantes e cortina sonora. Esta é a zona vocacionada para a estadia, o recreio activo informal relacionado não tanto com a prática desportiva, mas sobretudo com o convívio e o lazer, aos jogos informais, às brincadeiras e corridas dos mais pequenos, ao lançamento de papagaios, aos jogos tradicionais e acontecimentos lúdicos vários. Pretendeu-se criar um espaço com grande capacidade de carga e que permita o desenvolvimento de múltiplas actividades quer por grupos organizados, quer por famílias ou pessoas individuais. O projecto foi desenvolvido de modo a minimizar o esforço de manutenção que se deverá resumir ao corte e adubação dos relvados. As áreas restantes são de crescimento livre, nas quais não deverá ser limitado o desenvolvimento da vegetação. O material vegetal utilizado será todo vivaz e perene possibilitando uma manutenção mínima, onde não serão utilizadas as tradicionais herbáceas de estação que requerem intensos e constantes cuidados da jardinagem e se revelam ineficazes na protecção do solo contra a erosão e dissecação. Todas as plantas terão crescimento livre pelo que apenas necessitarão de uma poda correctiva ou de limpeza”.
Acessibilidade
Estrada da Circunvalação. Metro do Porto: linha A (Azul), estação Parque Real.