Espaço museológico abre hoje ao público.
O Brasão de armas do Visconde de Trevões, em pedra de Ançã, dá as boas-vindas aos visitantes do Museu da Memória de Matosinhos.
Instalado no Palacete Visconde de Trevões, edifício histórico de inícios do século XX, o novo espaço museológico pretende ser o ponto de encontro entre o passado e o presente de Matosinhos, desde os primórdios até à atualidade, com uma conceção museográfica marcadamente interativa, com recurso às novas tecnologias.
O visitante tem ao seu dispor equipamentos como tablets, monitores touch ou computadores para exploração do museu.
No piso 1, a exposição permanente assenta nas memórias e valências do próprio edifício e do seu primeiro proprietário, Emídio Ló Ferreira. Destaque para o Uniforme de Fidalgo Cavaleiro da Casa Real do Visconde (1909) e para a carta do Rei D. Manuel II que atribui o título de Visconde de Trevões e a medalha de Comendador da Ordem de Cristo.
No mesmo piso encontra-se a exposição temporária “Fontão: 4.000 anos de História”, dedicada às mais recentes descobertas encontradas em Lavra este ano. Concebida para ser visitada livremente, a mostra apresenta fragmentos e vasos cerâmicos do período romano, encontrados em sepulturas, ferramentas de trabalho usadas nas escavações, entre outros objetos.
Também neste piso é possível efetuar uma visita por 15 locais de Matosinhos através de óculos especiais para que possa visualizar, a 360º, locais como a lota, uma fábrica de conservas, um rebocador no Porto de Leixões ou até navegar nas águas em cima de uma prancha de surf.
No piso 2, dedicado ao território e à pesca, destaque para o videomapping com a evolução de Matosinhos desde a pré-história até aos nossos dias e para o painel do “Mar de Matosinhos” com os nomes dos pesqueiros e locais de naufrágios da costa Norte.
Ainda no mesmo piso, encontramos referências às memórias históricas, cronológicas e arqueológicas do concelho de Matosinhos. A mostra apresenta artefactos arqueológicos, desde as primeiras comunidades humanas do Paleolítico Inferior (800 a 200.000 AC) ao século XVI, visitas 360º ao Mosteiro de Leça do Balio, Convento da Conceição de Leça e Igreja do Senhor de Matosinhos, e a chave do cofre com o discurso da rainha D. Maria II, proferido no lançamento da primeira pedra do Obelisco da Memória.
A história do Rio Leça e do seu estuário, o período da Romanização do Castro de Guifões, a construção do Porto de Leixões são outros dos momentos abordados pelo museu.
Também no mesmo piso, o visitante cruza-se com uma seleção de cerca de 30 obras de artes plásticas de artistas como António Carneiro, Augusto Gomes, Júlio Resende, Guilherme Camarinha, José Emídio, Siza Vieira ou Alcino Soutinho.
Além das obras de arte e de objetos de valor histórico, o museu dedica especial atenção às pessoas, dando a conhecer testemunhos de cidadãos de várias áreas da sociedade. No piso 2, o visitante tem a possibilidade de gravar em vídeo o seu próprio testemunho para integrar o Museu da Memória de Matosinhos.
As visitas são de terça a domingo, das 10h às 13h e das 15h às 18h. A entrada é gratuita.
O Palacete ao longo dos tempos
Construído em 1909, o Palacete de Trevões foi propriedade e residência, até 1942, de Emídio Ló Ferreira (1864-1942), ilustre matosinhense (por adoção) que fez fortuna em Manaus, no Brasil. Quando regressou a Portugal, foi responsável ainda pela construção do Cineteatro Constantino Nery e do Bairro dos Pescadores.
O imóvel foi adquirido pela Câmara Municipal em 1955 e funcionou como Escola Técnica, Industrial e Comercial (até 1963), Liceu D. Manuel II e Escola Preparatória António Nobre (até 1987), biblioteca municipal (até 2005) e ainda a sede da Polícia Municipal (até 2013).
A autarquia apostou na reabilitação do edifício, adaptando-o às novas funcionalidades e às necessidades atuais.
Entre as grandes novidades está a instalação de um elevador que facilita o acesso aos pisos superiores, nomeadamente a pessoas portadoras de mobilidade reduzida. Dividido por três pisos, o museu dispõe de espaços para os serviços educativos, arquivo fotográfico, salas de exposição temáticas, gabinete de arqueologia e história, loja, auditório, entre muitas outras valências.
De realçar que, no trabalho de reabilitação, foram preservados tetos, soalhos, escadas, azulejos e vidros. Foram ainda deixados pequenos pormenores das paredes originais para que os visitantes pudessem apreciar a antiga decoração do palacete.