Sete atores em palco dão corpo a “uma parábola sobre o desespero e a esperança”. As palavras são de Beatriz Batarda, a encenadora da peça “À Conquista do Pólo Sul”, de Manfred Karge, que no próximo dia 9, quinta-feira, sobe ao palco do Teatro Municipal de Matosinhos - Constantino Nery. O elenco é de luxo e conta com Bruno Nogueira e Nuno Lopes, mas também com Ana Brandão, Flávia Gusmão, Miguel Damião, Nuno Nunes e Romeu Costa.
No centro da trama estão cinco desempregados que, segundo a encenadora, fazem lembrar uma canção de Sérgio Godinho e que são confrontados com o absurdo das nossas certezas sociais e políticas. Estão num sótão exíguo, sem perspetivas, e decidem reviver a expedição que o norueguês Roald Amundsen empreendeu em 1911. “O mais justo seria chamar-lhe tragicomédia, porque parte de uma situação trágica, de cariz social", disse Beatriz Batarda à revista Sábado.
Da caricatura ao burlesco, a peça interroga e confronta, se calhar à procura de um sentido, se calhar apenas para tomar consciência da ausência de finalidade para a existência. Escrita no final dos anos 1980, antes da queda do Muro de Berlim, a peça sobreviveu ao tempo e às múltiplas transformações sociais e teatrais dos últimos trinta anos, parecendo adaptar-se perfeitamente ao Portugal dos anos 2010 ou à Europa de 2016.
Produzida pelo Arena Ensemble, uma plataforma de criação partilhada por Beatriz Batarda e pelo realizador Marco Martins, “À Conquista do Pólo Sul” estreou em Lisboa em abril, tendo iniciado em maio uma digressão por várias salas do país.