Município cede espaço de autonomização de vítimas de violência doméstica LGBTI.
As vítimas de violência doméstica da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgéneros e Intersexuais) vão passar a ter um espaço específico em Matosinhos para que possam preparar a sua integração na sociedade e reconstruir as suas vidas.
O “Plano 3C – Casa Com Cor” é um projeto-piloto da Associação Plano i, que está a ser implementado em Matosinhos.
Financiado pela Caixa Social, o projeto prevê o acolhimento das vítimas, num apartamento de transição, por um período máximo de 12 meses, o acesso a cuidados de saúde, formação, apoio jurídico, e apoio na procura ativa de emprego e de habitação.
A MatosinhosHabit cedeu um apartamento T3 de um dos conjuntos habitacionais municipais à Associação Plano i para a concretização deste projeto. Para o efeito, foi hoje assinado um memorando de entendimento entre as duas entidades, numa cerimónia que contou com a participação da Secretária de Estado para a Cidadania e para a Igualdade, Rosa Monteiro, da Presidente da Câmara Municipal, Luísa Salgueiro, da Presidente da Assembleia Municipal e Conselheira Municipal para a Igualdade de Género, Palmira Macedo, e da vice-presidente da Associação Plano i, Paula Allen.
Na sessão marcaram também presença o administrador da Matosinhos Habit, Tiago Maia, e os vereadores Ângela Miranda e José Pedro Rodrigues.
“Um passo relevante e inovador para combater as desigualdades e promover a inclusão de todos e de todas”, afirmou hoje a Conselheira Municipal para a Igualdade de Género, Palmira Macedo, a propósito da Casa com Cor.
Já a Presidente da Câmara de Matosinhos reconheceu que, “o ideal era que não houvesse esta necessidade, mas a realidade não é essa”. “Trabalhamos em rede, apostamos na prevenção para atenuar este fenómeno da violência, mas o efeito não é imediato”, admitiu Luísa Salgueiro.
Também a Secretária de Estado considerou que “a comunidade LGBT tem sido discriminada e estigmatizada no acesso à habitação e ao emprego, o que aumenta o risco de pobreza e de exclusão social”.
A “Casa Cor” é apenas mais um dos muitos projetos nesta área que a autarquia de Matosinhos tem vindo a apoiar.
Recorde-se que a Associação Plano i tem já a funcionar em Matosinhos, desde 2017, no edifício da Antiga Câmara, um centro de atendimento a população LGBT, denominado centro Gis em homenagem à transexual Gisberta, assassinada a 22 de fevereiro de 2006, no Porto. Desde que abriu portas, foram atendidas 4.221 pessoas.
Em 2018, abriu em Matosinhos a Casa Arco-Íris, uma Casa de Acolhimento de Emergência Para Pessoas LGBTI Vítimas de Violência Doméstica. Situada em instalações cedidas pela Matosinhos Habit, a Casa Arco-Íris tem capacidade para acolher simultaneamente sete pessoas, acompanhadas ou não de filhos menores ou maiores dependentes, em virtude de questões de segurança e/ou de iminente risco de revitimização. Desde que funciona, recebeu, até hoje, 147 pessoas.
Também em 2018, foi disponibilizada a Unidade Móvel GIS, que funciona como Gabinete Itinerante de Saúde (GiS) com respostas multidisciplinares: cuidados médicos (psiquiatria, psicologia e endocrinologia), enfermagem e apoio jurídico.
Além do atendimento, a carrinha permite à Associação Plano i participar em alguns eventos, dar formação nas escolas, prestar informação, efetuar rastreios à Hepatite, HIV e Sífilis, distribuir material contracetivo, entre outras valências.