Poeta português cuja obra se baseia num mundo visto através dos registos da infância, tendo por temas a saudade, a morte, a ternura e o deslumbramento.
António Pereira Nobre nasceu no Porto em 1867e morreu tuberculoso, na Foz do Douro, em 1900. A sua obra está muito marcada pelas paisagens que conheceu, quer se trate do Douro interior e do litoral a norte do Porto, que conheceu na infância e na juventude, quer de Coimbra, onde começou estudos de Direito que prosseguiria, a partir de 1890, na Sorbonne, em Paris. Diplomado em 1893, concorreu para um posto consular; não chegou a ocupá-lo por se encontrar já em luta com a tuberculose, que o levou à dolorosa peregrinação dos últimos anos de vida, entre sanatórios na Suíça, na Madeira, nos arredores de Lisboa, na casa da família no Seixo e na do irmão Augusto Nobre, na Foz (Porto), onde viria a falecer com trinta anos apenas.
Muito ousada para a época, a sua obra insere-se nas correntes ultrarromântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português, refletida nos temas recorrentes da sua obra: a saudade, o exílio, a pátria e a poesia.
A sua principal obra, Só (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjetivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e da rutura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas.
Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho.
"Só" foi o único livro seu publicado em vida, uma vez que as obras poéticas "Despedidas" e "Primeiros Versos" só seriam editadas, respetivamente, em 1902 e 1921.