Aposta na modernidade. Conciliação, de forma feliz, da estética e da funcionalidade. Expressão de uma volumetria equilibrada, onde se destacam a harmonia e a simplicidade. O edifício dos Paços do Concelho de Matosinhos nasceu, de facto, com um objetivo concreto: a criação de um novo espaço de trabalho para dar resposta à exiguidade do edifício da rua Brito Capelo. Contudo, e não obstante as vicissitudes de um processo que se prolongou por alguns anos, o resultado final desta aposta reiterada na estética e na funcionalidade transformou “a casa de todos os matosinhenses” num símbolo da determinação, da coragem e da capacidade de concretização do Poder Local saído do 25 de abril.
No edifício dos Paços do Concelho, destaca-se uma comprida fachada sobre um jardim, com um grande pátio em forma de U com um dos lados ligeiramente oblíquo incorporando no seu alinhamento uma casa eclética mais ou menos cúbica que o Arquiteto Alcino Soutinho conservou e recuperou e uma estreita e alta fachada”nobre” virada à estrada.
Para quem o vislumbra do lado de lá das árvores do jardim, o edifício é comprido e baixo, sobressaindo uma cúpula imponente. A Câmara apresenta aspetos e volumetrias diferentes conforme o local onde se encontra ou por onde passa o visitante, reservando-lhe constantes surpresas e uma aparentemente inesgotável variedade de soluções formais.
O edifício da Câmara Municipal de Matosinhos é um prodígio de composição, de controlo e de articulação de diferenças entre os elementos, as formas e as áreas.
A fachada sobre o jardim e a virada ao pátio distinguem-se essencialmente pela escala. Contudo, ambas as frontarias se diferenciam também por aquilo que a cultura arquitetónica clássica chamava o “carácter”: as galerias de colunas ou pilares foram durante séculos um elemento formal indispensável à “dignidade” clássica de um edifício.
O interior da Câmara foi organizado com todo o pormenor com áreas de circulação diferenciada, na procura da funcionalidade e para imprimir uma maior eficácia aos Serviços. Contudo, alguns espaços, nomeadamente aqueles onde se exercem as atividades colegiais dos eleitos, foram propositadamente “pensados” como espaços abertos em dois conceitos diferenciados: de fácil acesso aos cidadãos de com transparência visual. Em suma, os locais de reunião da Assembleia e do executivo camarário são lugares partilhados por eleitos e munícipes.
O Salão Nobre é outro dos espaços que mais sobressai neste edifício que tanta admiração tem granjeado aqui e além fronteiras. Uma cúpula imponente, a liberdade e abertura do espaço, a aposta na relação perfeita entre a luminosidade natural e artificial, a mistura feliz entre materiais como mármore e madeira, a insistência nos tons azulados que se encontram e contrastam com os cinzas, o efeito perturbador de uma sonoridade única, nada foi deixado ao acaso. O resultado final é imponente e arrebatador.
Quem visita o Salão Nobre dos Paços do Concelho não consegue ficar indiferente à harmonia e beleza do espaço. Características comuns a todo o edifício que se afirmou no tempo como uma das maiores obras primas da arquitetura portuguesa.