
Classificação como Monumento de Interesse Municipal
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) determinou a abertura do procedimento de classificação da edificação “Quatro Casas”, do arquiteto Álvaro Siza Vieira, em Matosinhos, como Monumento de Interesse Municipal.
O anúncio foi publicado ontem em Diário da República e os elementos relevantes do processo, nomeadamente fundamentação, despacho, planta das Quatro Casas de Álvaro Siza estão disponíveis na página da DGPC e nas da Direção Regional de Cultura do Norte e da Câmara Municipal de Matosinhos.
O projeto “Quatro Casas em Matosinhos” foi a primeira obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira, tendo sido construído entre os anos de 1956 e 1957, na avenida D. Afonso Henriques, quando o arquiteto português ainda era estudante na Escola Superior de Belas Artes, no Porto.
O trabalho de projeto iniciou-se em 1954 e os pedidos de licenciamento respetivos apresentados junto da Câmara Municipal em 1955. O conjunto é de evidente homogeneidade, nesta participando cada uma das casas e cada um dos elementos arquitetónicos presentes.
Na altura, a obra abriu lugar à polémica devido à sua audácia e características inovadoras para a época. Atualmente, esta edificação -- que envolve duas habitações unifamiliares e duas geminadas - é privada e visitável apenas pelo exterior.
O conjunto das quatro casas foi tema de exposição recente na Casa da Arquitetura, nos dias 11 e 12 de janeiro de 2020, na Casa Roberto Ivens, em Matosinhos, onde foi apresentada a exposição da revista CASABELLA com o tema “Siza antes do Siza. Álvaro Siza l’ Opera Prima”. A exposição, com curadoria de Massino Curzi, esteve patente no espaço CASABELLA laboratório em Milão, aquando do lançamento do número 896 da CASABELLA, em abril de 2019. Esta edição foi totalmente dedicada a esta primeira obra de Álvaro Siza, as “Quatro Casas” localizadas em Matosinhos.
Recorde-se que Álvaro Siza Vieira nasceu em Matosinhos em 1933 e estudou Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto entre 1949 e 1955.
É autor de inúmeros outros projetos, entre os quais se destacam, em Portugal, as vivendas no Bairro da Malagueira em Évora, a Faculdade de Arquitetura do Porto, o Centro Paroquial de Marco de Canavezes, o Pavilhão de Portugal da Expo'98 em Lisboa.
No concelho de Matosinhos, o arquiteto premiado com um Pritzker (considerado o prémio Nobel da Arquitetura) assina ainda a Piscina da Quinta da Conceição (1958-1965), a Piscina das Marés (1961-1966), a Casa de Chá da Boa Nova (1958-1965) e a Marginal de Leça da Palmeira (2006).
Da sua lista de distinções, destaca-se o Prémio de Arquitetura da Associação Internacional de Críticos de Arte (1982), o Prémio de Arquitetura da Associação dos Arquitetos Portugueses (1987), a Medalha de Ouro de Arquitetura do Conselho Superior dos Colégios de Arquitetos de Espanha (1988), o Prémio Mies van der Rohe (1988) e Prémio Pritzker, da Fundação Hyatt, pelo projeto de renovação na zona do Chiado, em Lisboa (1992).
Mais recentemente, em 2019, o arquiteto Álvaro Siza Vieira recebeu o Grande Prémio de Arquitetura da Academia de Belas Artes Francesa, pelo conjunto do seu percurso, sublinhando-se a obra "magistral" e o seu "percurso humanista", sendo ainda distinguido, no mesmo ano, com o Prémio Nacional de Arquitetura 2019 espanhol.







