
Cerimónia celebrada pelo Bispo Auxiliar do Porto, D. António Taipa
Um dos momentos mais relevantes do programa religioso das Festas em honra do Bom Jesus de Matosinhos é a Eucaristia Solene que, todos os anos, se realiza no feriado municipal.
Esta manhã, a celebração foi presidida pelo Bispo Auxiliar do Porto, D. António Taipa, cumprindo todas as regras de segurança estabelecidas pela Direção Geral da Saúde no âmbito do combate à pandemia por COVID-19.
A celebração contou com a presença da Presidente da Câmara Municipal, Luísa Salgueiro, da Presidente da Assembleia Municipal, Palmira Macedo, do Vice-presidente da autarquia, Fernando Rocha, dos Vereadores Ângela Miranda, António Correia Pinto, José Pedro Rodrigues, Ana Fernandes e António Parada, entre outras personalidades.
Um dos motivos de maior atração das festas é a ornamentação de flores naturais da Igreja Matriz em homenagem ao Bom Jesus de Matosinhos.
A decoração floral do altar-mor e dos restantes oito altares laterais é um trabalho que envolve a participação de dezenas de voluntários, de todas as idades e maioritariamente femininos.
Grande parte das flores é, atualmente, proveniente de outras paragens de Portugal, como a ilha da Madeira, mas também da Holanda. Contudo, durante séculos, as flores utilizadas nestas decorações eram de Matosinhos. Esta era, antes da industrialização e do desenvolvimento urbano, uma região muito rica em flores - e assim nasceu esta tradição.
A imagem do Senhor de Matosinhos, recorde-se, está associada à lenda que deu origem à romaria.
Foi no ano 124 que, segundo a lenda, as águas do oceano depositaram na praia de Matosinhos uma belíssima imagem de Jesus na cruz esculpida, poucos anos antes, por Nicodemos, testemunha privilegiada dos últimos momentos da vida de Cristo.
Recolhida a imagem na praia pela população, constatou-se, contudo, que lhe faltava um dos braços. Por muitos braços que se tenham mandado fazer aos melhores artífices e carpinteiros, nenhum encaixava de forma perfeita no ombro amputado ou, pura e simplesmente, não era similar ao do lado oposto. Cinquenta anos depois, no ano 174, deambulando pela praia, uma pobre mulher recolhe lenha para alimentar a lareira. Em casa, apercebe-se de que um grande pedaço de madeira teimava em, milagrosamente, saltar do fogo sempre que para ele era lançado. A filha, surda-muda de nascença, falou pela primeira vez e disse à mãe tratar-se do braço que faltava à imagem do Senhor guardado no Mosteiro de Bouças, facto que, de imediato, se confirmou. E assim começou a devoção ao Senhor de Matosinhos.