Num tempo em que as notícias quotidianas se dedicam sobretudo às façanhas dos novos piratas informáticos e aos segredos que desvendam, o imaginário ligado à pirataria marítima dos séculos XVI, XVII e XVIII continua, em pleno século XXI, a exercer um enorme fascínio sobre pessoas de todas as idades. Mas basta ver como, anos após ano, a recriação histórica que a Câmara.
Municipal de Matosinhos promove em Leça da Palmeira tem vindo a atrair um número crescente de visitantes, muitos dos quais se mascaram de corsários de modo espontâneo e, desse modo, se integram e participam nesta grande festa, interagindo com os figurantes contratados.
A recriação histórica “Os Piratas” cumpre, deste modo, uma tripla função: preserva a memória histórica de um período em que as povoações costeiras de Matosinhos foram efetivamente frequentadas (e aterrorizadas) por flibusteiros vindo de várias paragens – é mesmo historicamente plausível que o famoso Francis Drake por aqui tenha passado –, motivando a construção do forte que hoje serve de cenário à recriação; oferece aos matosinhenses e a todos quantos nos visitam um momento de lazer único, divertido e muito diferente; e permite, graças à estreita colaboração com o tecido empresarial local, três dias de grande animação e também de forte dinamização empresarial.
Terra, já no século XIV, do corsário Sá das Galés, Matosinhos foi, com efeito, um importante arraial de piratas e outros marinheiros, existindo ainda na nossa costa vestígios de galeões afundados. O areal hoje conhecido como Praia da Memória foi, outrora, a Praia dos Piratas, dando claro testemunho da Nvelha tradição que o evento “Os Piratas” procura preservar, garantindo que o nosso passado, celebrado no presente, há de também ter um futuro.
Fernando Rocha, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos