Comemorações do centenário do nascimento do escritor em Lavra com a participação de Pacheco Pereira
Historiador, escritor e arquivista, Edgar Rodrigues foi um matosinhense que se notabilizou pela luta contra a ditadura quer em Portugal quer no Brasil.
No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Edgar Rodrigues, a Câmara Municipal de Matosinhos dedica-lhe um programa comemorativo entre os dias 14 e 16 de maio, em Lavra.
Na próxima sexta-feira, dia 14, pelas 18h30, a junta de freguesia de Lavra acolhe a conferência “Edgar Rodrigues e a sua obra”, que será apresentada via streaming.
Integrada na programação do festival LEV- Literatura em Viagem, a conferência terá a participação do político José Pacheco Pereira, do sociólogo José Maria Carvalho Ferreira, do Vice-presidente e vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha, e da presidente da junta da união das freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo, Lurdes Queirós.
As homenagens prosseguem no sábado, dia 15 de maio. Pelas 10h30, será descerrada uma placa com o nome de Edgar Rodrigues no parque de estacionamento da Agudela. Segue-se, pelas 11h00, a inauguração da peça comemorativa do centenário do nascimento de Edgar Rodrigues, erguida no jardim da junta de freguesia de Lavra.
No domingo, dia 16, pelas 18h00, o Quarteto de Cordas de Matosinhos atuará no Salão Nobre da junta de freguesia de Lavra em homenagem ao historiador.
Edgar Rodrigues nasceu a 12 de março de 1921 em Angeiras.
Os seus primeiros rascunhos são influenciados pelo sofrimento que viveu durante o regime ditatorial de Salazar, marcado pela fome e pela prisão do pai, então sindicalista na área da construção civil.
Integrou o Grupo Dramático Flor da Mocidade, de Santa Cruz Bispo, e o Grupo Dramático Alegres de Perafita, onde conheceu militantes do movimento anti regime como José Marques da Costa, Luís Joaquim Portela e Tomás da Fonseca. Em 1951, embarca para o Brasil para escapar da perseguição política da ditadura de Salazar.
No Rio de Janeiro, conheceu outros militantes e publicou o seu primeiro texto sobre a ditadura em Portugal no jornal anarquista Ação Direta. O primeiro livro Na Inquisição do Salazar viria a ser publicado em maio de 1957. Cofundou o Centro de Estudos Professor José Oiticica e a Editora Mundo Livre, responsável pela edição de O Retrato da Ditadura Portuguesa (1962). Em 1969, a editora foi encerrada pelas forças armadas brasileiras e Edgar Rodrigues viria a ser preso juntamente com outros companheiros.
Até 2007, escreveu 62 livros, que foram publicados em Portugal, Brasil, Itália, Venezuela e Inglaterra. Foi ainda autor de mais de 1750 artigos na imprensa de países como Uruguai, França, Estados Unidos, Costa Rica, Argentina, México, Espanha, Cuba, entre muitos outros.
Em 1986, fundou o arquivo Círculo Alfa de Estudos Históricos, onde deixou boa parte dos materiais de estudo das atividades anarquistas que reuniu ao longo da sua vida.
A 11 de Novembro de 2008, Edgar Rodrigues foi homenageado pela “Associação 25 de Abril”, com a atribuição da Medalha da instituição.
Faleceu a 14 de maio de 2009, no Rio de Janeiro.