Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos chegou ao fim
“Queremos colocar o Senhor de Matosinhos no centro das nossas reflexões, pois é o Senhor de Matosinhos que nos une”. As palavras, da Presidente da Câmara Municipal, Luísa Salgueiro, encerraram a primeira edição do Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos.
De 11 a 13 de junho, o Salão Nobre dos Paços do Concelho acolheu mais de 150 de congressistas inscritos, oriundos de Portugal, Espanha, Brasil e Peru, que, de acordo com o Vereador da Cultura, “trocaram experiências, partilharam conhecimento, produziram ciência e memória”. Aliás, coube a Fernando Rocha apresentar as conclusões do congresso, sintetizando as várias comunicações que farão parte de um livro “para memória futura”. Certo é que, em 2020, o Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos estará de volta para a segunda edição, mas, desta feita, será realizado em Congonhas.
A tarde começou com a intervenção de Joel Cleto. O historiador falou do Senhor de Matosinhos e das várias imagens esculpidas por Nicodemos. Perseguido pelos judeus e pelos romanos, Nicodemos que ajudou a retirar o corpo de Jesus da cruz e a transportá-lo para o sepulcro, terá optado por desfazer-se das várias imagens de Cristo que criou, deitando-as ao mar. Uma delas foi encontrada em Matosinhos e daria origem à lenda do Senhor de Matosinhos. Além desta, existem cerca de 15 outras imagens cuja autoria é atribuída a Nicodemos, a grande maioria oriunda da bacia mediterrânica. A mais antiga é do Volto Santo, em Lucca (Itália), que se encontra na Catedral de S. Martinho.
O culto do Bom Jesus de Matosinhos no Brasil está na origem da criação de uma rede de municípios, com cerca de 30 membros, do Estado de Minas Gerais que partilham esta devoção e que possuem santuários em sua honra.
Segundo Ana Alcântara, secretária executiva da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, a rede surgiu na sequência do sucesso de um Fórum com mais de 100 participantes de 24 municípios mineiros. O futuro passa pela criação de um catálogo, de mais oficinas de fabrico de Ex-votos e velas, pela participação dos artesãos em feiras e exposições religiosas, entre outros projetos.
Além do Bom Jesus de Matosinhos, outro dos Cristos associados a Nicodemos é o de Burgos, que se distingue pelos ovos de avestruz aos pés da imagem e pela coroa de ouro. Terá sido descoberta em Beirute (Líbano) e atirada ao mar, sendo encontrada em Burgos em 1184.
Segundo Ricardo Estabridis, da Universidade Nacional Maior de São Marcos de Lima, Peru, o crescimento da devoção levou à criação de uma réplica que foi levada para o Peru, para a Catedral de San Agustín. O culto foi-se espalhando por outros locais como México, Bolívia, Venezuela ou Filipinas, através de pinturas ou esculturas.
A conferência de encerramento do Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos esteve a cargo de Ângelo Oswaldo, antigo Ministro Interino da Cultura do Brasil (entre outros cargos que desempenhou).
Apresentado pelo jornalista e Diretor do Jornal de Letras, José Carlos Vasconcelos, Ângelo Oswaldo centrou-se na importância das devoções nas relações culturais luso-brasileiras. Recuando no tempo, abordou a importância do controlo do ouro e das pedras preciosas para a soberania do reino e das muitas oportunidades de trabalho que foram criadas principalmente para os portugueses do Douro e do Minho que atravessaram o Atlântico e enriqueceram nas minas de ouro. Para trás, deixaram uma travessia difícil cheia de perigos marcada pelas orações ao Senhor de Matosinhos em busca de proteção. Graças a esta devoção foram erigidas no Brasil muitas capitanias, capelas e templos consagrados ao Bom Jesus de Matosinhos.
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