Encontrado o registo de nascimento de Feliciano Mendes, responsável pelo templo em Congonhas
Promovido pela Câmara Municipal, o 1º Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos prossegue hoje no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
A manhã foi dedicada à relação entre Portugal e Brasil, a partir da devoção ao Senhor de Matosinhos.
Recorde-se que, atualmente, 25 comunidades do Brasil (Estados de Minas Gerais, S. Paulo, Bahia e Rio de Janeiro) partilham a devoção pelo Senhor de Matosinhos.
A sessão de trabalhos foi conduzida pelo historiador Joel Cleto e contou com a presença da Presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, Palmira Macedo, e do Vereador da Cultura da Autarquia, Fernando Rocha.
Eduardo Pires de Oliveira, do Instituto de História de Arte/Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, falou sobre o barroco bracarense e a sua influência em Minas Gerais, referindo o percurso de vários artistas do Minho.
Destaque para o português Feliciano Mendes, responsável pela construção do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas. Nascido em Santa Maria de Calvos (Guimarães), a 5 de setembro de 1696, partiu para o Brasil para começar a trabalhar como oficial de pedreiro no setor do ouro e das pedras preciosas em Minas Gerais. Na sequência de uma grave doença, Feliciano Mendes terá invocado o auxílio do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos, tendo sido acudido na sua súplica. No cimo do monte do Maranhão terá implantado uma cruz, iniciando assim o culto sob invocação do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos e prometendo que aí se haveria de construir um templo.
No ano de 1758, iniciaram-se as obras sob direção de António Gonçalves Rosa e António Rodrigues Falcato. Em 1761, já a capela-mor estava construída, tendo sido a obra executada por Francisco de Lima Cerqueira. Em 1765, Feliciano Mendes faleceu, mas por esta data já o templo estava quase concluído.
Face à crescente acumulação de esmolas, foi criada uma confraria, o que permitiu transformar um simples templo num grande santuário.
O projeto de santuário consistiu na construção de um adro, com escadaria pontuada com doze estátuas dos profetas e, no declive fronteiro à igreja, na construção de capelas com as cenas da Paixão (ou Passos) de Cristo, tão ao gosto português, como se verifica nos santuários do Bom Jesus de Matosinhos ou de Braga.
O conjunto escultórico dos Passos foi esculpido, entre 1796 e 1799, pelo célebre Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), com o auxílio dos seus ajudantes especializados. Esculpidos em madeira, estes conjuntos apresentam policromia posterior, estando esta atribuída ao pintor Manuel da Costa Ataíde.
Uma das novidades apresentadas no congresso pelo investigador Eduardo Pires de Oliveira foi o registo de nascimento de Feliciano Mendes, que, assim, deu a conhecer a sua verdadeira origem.
Também a historiadora Isabel Lago abordou as relações de Matosinhos com Minas Gerais e a “exportação” da devoção ao Senhor do Matosinhos. O trabalho de investigação, que daria origem ao livro “Rota de Fé”, de Isabel Lago a este propósito começou nos arquivos da Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos. Depois de consultar a lista de “irmãos” que, nos séculos XVII e XVIII, foram para Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a investigadora descobriu a existência de, pelo menos, 32 igrejas no Brasil com devoção ao Bom Jesus de Matosinhos.
Isabel Lagos encontrou referências ao culto em altares do Bom Jesus de Bouças na Igreja dos Prazeres da Vitória de Guararapes (1654, Pernambuco), na Matriz de Nossa Senhora da Nazaré (Cachoeira de Campo, Minas Gerais), na Igreja de S. Francisco do Conde em Recôncavo Baiano, ou na Igreja do Rosário de Lavras (Minas Gerais). Aliás, nesta última, a imagem, inicialmente designada como Cristo do Calvário no século XVIII, foi finalmente corrigida para Bom Jesus de Matosinhos em Lavras.
Mais difícil foi encontrar referências a templos no Rio de Janeiro. Data de 1780 a existência de uma Confraria do Bom Jesus de Matosinhos que levou a efeito um peditório para a construção de um templo. Sabe-se que terá existido a Igreja do Senhor do Calvário, mas que terá sido destruída para dar lugar à “Cidade Nova”. Hoje, no local onde existe o sambódromo, permanecem ainda a Rua Senhor de Matosinhos e a Travessa do Senhor de Matosinhos.
Memórias mais concretas estão guardadas no Museu de Congonhas. Em funcionamento há cerca de três anos, este equipamento foi construído, segundo o diretor Sérgio Rodrigo Reis, “para potencializar a compreensão do Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas”.
Classificado Património Mundial da Humanidade em 1985, o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas abrange a basílica, as capelas e os 12 profetas.
Todos os anos, milhares de pessoas celebram o Jubileu de Congonhas, que decorre de 7 a 14 de setembro. A pensar no turismo, foi desenvolvida uma estratégia de comunicação a partir da caligrafia do “Aleijadinho” , que inclui vários eventos, oficinas, exposições, visitas guiadas, entre outras atividades.
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