Regressa no próximo fim-de-semana a recriação histórica da lenda de Cayo Carpo, que terá dado o nome a Matosinhos e as vieiras aos peregrinos de Compostela. A entrada é grátis.
Os romanos, como um dia profetizou o gaulês Astérix, seriam loucos – mas deixaram marcas perenes nos sítios por onde passaram e Matosinhos não é exceção. No longínquo ano de 44 d.C., o palaciano Cayo Carpo, senhor da Maya, veio à praia para se casar e deixou atrás de si uma lenda que, de uma só penada, explicará a origem do topónimo Matosinhos e da utilização de vieiras pelos peregrinos que rumam a Santiago de Compostela.
Esses dias distantes voltam este ano, entre 29 e 31 de maio, a ser reconstituídos junto à praia do Titã, onde vai estar montado um cenário que não deixará de remeter para o imaginário das incursões de Astérix e Obélix pelos vastos domínios dos romanos. As legiões farão a sua primeira aparição pelas 17 horas de sexta-feira, com o cortejo da Lusitânia para receber o cônsul, e só abandonarão o recinto no domingo depois de o sol se pôr, com um espetáculo pirotécnico.
Pelo meio a Feira Romana acolherá o casamento de Cayo e da nobre Cláudia Lobo, combates de gladiadores, um mercado de escravos, pantomineiros, banquetes e ateliês para os romanos mais pequenos, tudo acompanhado por músicos e bailarinas de todo o império. A entrada no recinto é gratuita.
Quanto à história de Cayo Carpo, conta-se em duas penadas: estando na praia onde foi para casar com Cláudia, o cavalo do palaciano avançou pelo mar dentro sem que o cavaleiro conseguisse detê-lo. Encontrou, ao largo, a barca que transportava o corpo de São Tiago para Compostela e, quando Cayo regressou à terra, vinha convertido ao cristianismo pelo miraculoso ímpeto do cavalo. Trazia agarradas às vestes algumas conchas de vieira – aquelas que hoje usam os peregrinos que rumam a Santiago de Compostela. Cayo apareceu, assim, matizadinho de conchas, tendo a expressão “matizadinhos” acabado por dar nome ao lugar do casamento: Matosinhos.