04.06.12
Autores de obras publicadas sobre o Concelho reviveram histórias e acontecimentos ligados à cultura e ao mar.
“Há muito que tardava esta iniciativa. Temos editado livros notáveis. Estamos a prestar uma homenagem àqueles que perpetuaram o nome de Matosinhos, que levaram o nome de Matosinhos mais longe. Esta é uma oportunidade para descobrir novos motivos de interesse no acervo municipal”, manifestou o Presidente da Câmara Municipal, Dr. Guilherme Pinto, dia 2 de Junho, na sessão de abertura do 1º Encontro de Escritores Matosinhenses.
Esta iniciativa, inserida nas Festas do Senhor de Matosinhos, reuniu, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, figuras conhecidas do Concelho como António Gomes, Elvira Rodrigues, Isabel Lago, Joel Cleto, Belmiro Galego, Joaquim Queirós, António Mendes e Rocha dos Santos.
“Já passaram por aqui escritores de renome internacional. Tínhamos uma dívida para com estas pessoas”, partilhou, na mesma linha de pensamento, o Vereador da Cultura, Fernando Rocha.
A literatura, a histórica local e a importância do mar na arte matosinhense estiveram em debate num encontro durante o qual foram recordados nomes como Santos Lessa, Rodrigues de Sousa, Domingos Galante, Magalhães Pinto ou Jorge Bento (já desaparecidos), cujo trabalho de investigação contribuiu “para o bem comum”.
A primeira mesa, dedicada ao tema “Literatura e História Local”, foi moderada pelo historiador Joel Cleto e contou com a participação de Isabel Lago, António Gomes e Elvira Rodrigues, que concordaram sobre a importância do arquivo municipal para os seus estudos e pesquisa.
A construção do Porto de Leixões e a implementação da indústria conserveira originaram fortes transformações em Matosinhos nos últimos dois séculos, revolucionando usos e costumes. A vila de Matosinhos cresceu e assumiu-se como cidade, deixando para trás a vida agrícola e abrindo-se à sociedade. A proliferação de jornais e publicações, e o surgimento do movimento associativo contribuíram para as mudanças de pensamento e para sua pluralidade. A cultura passou a fazer parte do dia-a-dia dos matosinhenses, a par da sardinha, dos armazéns do sal, dos óleos e farinhas de peixe ou das redes de pesca.
Na segunda mesa, intitulada “O Mar na produção artística matosinhense”, Rocha dos Santos liderou um debate com as presenças de Belmiro Galego, Cunha e Silva (ausente, mas que se fez representar por Elvira Rodrigues), António Mendes e Joaquim Queirós.
O fascínio pelas “memórias e cheiros do mar”, o naufrágio de 3 de Dezembro de 1947, a profunda religiosidade dos pescadores, a pintura de Augusto Gomes, Agostinho Salgado, José Emídio e de Alfredo Barros, a lenda da imagem do Senhor de Matosinhos, o mar de Leça, a poesia de Florbela Espanca e de António Nobre, ou os traços de Siza Vieira que transformaram por completo a Boa Nova, ilustraram relatos de episódios, alguns dos quais desconhecidos do público.
“É o cruzamento de gente como esta que dá a riqueza a uma comunidade. Ao longo dos anos, fomos editando vários livros. Sempre defendi uma autarquia com uma política editorial. Não queremos publicar romances, porque, para isso, existem as editoras. O que pretendemos, com as nossas publicações, é deixar um rasto para as futuras gerações”, anunciou o Vereador da Cultura.
Fernando Rocha reconheceu que “há vários hiatos no conhecimento da história de Matosinhos”. “Foram estas pessoas que foram recuperando estes fragmentos. Quem não souber de onde vem, não consegue encontrar o umo para onde vai. Vamos continuar a editar livros com o objetivo de aprofundar o conhecimento da nossa história”, assegurou.
Conteúdo atualizado em2012/06/0412:15