Tertúlia aborda problemas que as migrantes mulheres sentem quando chegam a Portugal
A Câmara Municipal de Matosinhos assinalou hoje o Dia Internacional da Mulher com a realização de uma tertúlia subordinada ao tema "Feminização dos fluxos migratórios: que consequências?".
Decretado em 1975 pela Organização das Nações Unidas, o Dia Internacional da Mulher é, nas palavras de Palmira Macedo, presidente da Assembleia Municipal e Conselheira Municipal para a Igualdade, “um dia de luta, um dia de luto e um dia de festa”.
Perante o número de homicídios já registados este ano de vítimas de violência doméstica, Palmira Macedo defendeu que é preciso “mobilizar a sociedade para repudiar este tipo de comportamento” e “outras medidas já anunciadas mais eficazes de punir estes agressores”.
Ao longo da tarde, mulheres migrantes e investigadoras da área abordaram problemáticas relacionadas com o acesso aos cuidados de saúde, as dificuldades de conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar, numa tertúlia moderada por Rosilda Portas, da Associação Código Simbólico.
Natália Khmil, cidadã ucraniana e presidente da Associação de Imigrantes Amizade, falou da sua experiência e das dificuldades que sentiu de integração no nosso país e que a levaram a criar uma associação de apoio a imigrantes em áreas como a educação, cultura, apoio social e jurídico.
Já a investigadora Joana Topa, do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, referiu as dificuldades de comunicação, as barreiras económicas, culturais e discriminatórias no acesso a cuidados de saúde, o isolamento social, a violência doméstica e a depressão.
Estefânia Silva, também investigadora do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, abordou as dificuldades de conciliação pessoal, familiar e profissional de mulheres imigrantes.
A exploração laboral, os horários atípicos, os salários baixos, a desvalorização das competências e qualificações, a discriminação na maternidade, a incompreensão da entidade patronal pela necessidade de dispensa para amamentação dos filhos, foram algum dos problemas apontados.
A saúde mental foi destacada por Teresa Leão, da área de Saúde Pública, que considerou um problema que afeta os imigrantes em virtude de sentimentos de desenraizamento e de isolamento social, de situações de violência doméstica, tráfico de seres humanos, abusos sexuais, ou de problemas económicos.
Ausente do evento, a Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos fez questão de deixar uma mensagem a todos os participantes da tertúlia. Luísa Salgueiro falou do Plano Municipal para a Integração de Migrantes, atualmente em fase de implementação.
Em 2017, o município apresentou uma candidatura ao Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração, do Alto Comissariado para as Migrações, que foi contemplada com um financiamento de 97.715,54 euros.
O Plano Municipal para a Integração de Migrantes visa dotar Matosinhos de condições que garantam o acompanhamento próximo e humano de pessoas migrantes, bem como a sua correta integração social.
O documento define áreas prioritárias de intervenção, como sendo, por um lado, as mais determinantes para a criação de um clima social favorável à integração da população migrante e, por outro, aquelas onde se encontram os maiores obstáculos a essa mesma integração, nomeadamente o mercado de trabalho, empreendedorismo, formação, educação, língua, saúde, solidariedade, respostas sociais, cidadania, media, sensibilização da opinião pública, racismo e discriminação.
Matosinhos, apesar do desaceleramento do crescimento populacional do concelho verificado nos últimos anos, é um dos dez municípios mais populosos do país com 175.478 habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de 2011.
Deste total, 2.613 pessoas, mediante dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de 2015 são nascidas em países estrangeiros, das quais 2.029 são de países terceiros com destaque para o Brasil (1.111), China (243) e Ucrânia (198).
A implementação do plano conta com várias entidades parceiras, nomeadamente a Associação Mais Brasil, a Amizade Associação (Associação Imigrantes Países de Leste), a Liga dos Chineses em Portugal, o Espaço T, o Centro Comunitário S. Cirilo, a Associação Cultural Luso-Chinesa, a Obra do Padre Grilo, o Lar de Sant’Ana, o Centro Social e Paroquial do Padrão da Légua, a ADEIMA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos, o Centro de Emprego de Matosinhos e a Unidade Local de Saúde de Matosinhos.
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